sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Pingue pongue - parte dois - mais uma resposta ao incansável pianista Aureo Galli.

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Não tem coisa mais dor de cotovelo do que alguém que vira pra você e te diz que você vive no seu mundinho.
Nunca enchi o saco de ninguém. Sempre fui assim.
Sempre voltei tarde pra casa ou não volto. Beijo meus amigos na boca.
Pago minhas contas. Não peço nada a ninguém. Trabalho de domingo a domingo pra poder comprar meus livros e meus cigarros. Fumo por que gosto. Bebo por que gosto. Bebo quando preciso também.
Gosto de passar noites olhando pela janela e fumando meus cigarros acesos um no outro.
Sou chegada num queijo com goiabada, coloco canela no leite.
Tomo cerveja quente se não tiver cerveja gelada.
Gosto de dez minutos de sexo puro e simples de manhã antes de sair da cama.
Apanhei num show do Planet Hemp. Ouvia Ventania e tocava no violão quando tinha 15 anos.
Roubei uma pirâmide de cristal no shopping quando tinha 16 anos e minha mãe descobriu e me fez voltar pra devolver.
Adoro musicais. Odeio livros policiais. Baixo na porta dos meus amigos com kits pra ficar acordado.
Gosto de bandas ao vivo. Odeio que desmarquem comigo. Amo teatro. Odeio comédia. Não gosto de circo. Quero que se fodam os que ficam rotulando. Odeio ex-namorados com dor de cotovelo. Odeio ex-namoradas com dor de cotovelo. Escrevo cartas.
Gosto de urgência.
Não sei dirigir nem andar de bicicleta. Não sei boiar nem nadar. Sei andar de patins.
Adoro dançar contanto que a música esteja alta.
Odeio homem andando pelado dentro da minha casa.
Não sou fiel se estiver desconfiada.
Já fui muito desconfiada.
Gosto de tapar os ouvidos debaixo do chuveiro. Cubro a orelha com o edredom para dormir desde pequena. Tenho alergia a insetos. Não uso desodorante com álcool. Não consigo dormir bem sem roupa.
Tudo isso pode não ser importante, mas é verdade.
Não gosto de pensar que eu seja importante, ser importante pesa.
E tudo isso que você leu aí não é novidade pra ele. E continua não sendo importante. Mas foi assim que ele me conheceu. Ele sabe o que gosto de fazer, onde gosto de ir, onde escondo meus diários. Ele sabe que eu gosto de beber e bebe comigo.
Nós continuamos não sendo importantes. Não somos blases, e esse é o nosso "mundinho". E se depois de tudo você acha que é relevante vomitar um monte de textos estúpidos sobre mim, achando que é capaz de ensinar alguma coisa a mim ou a uma pulga, saiba que não há nada que eu possa aprender com você, que não seja o que eu não quero e o que é vergonha alheia.
E aquela personagem é uma idiota. Uma personagem sem nada que tudo que ela faz é ficar te ajudando a se convencer que tu é foda.
E tu não é foda porra nenhuma.
Tá falado.
Fim.
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domingo, 19 de setembro de 2010

Pingue pongue parte I - Tentei mas não consegui -

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Fiquei tentando mudar o layout pra combinar com a vida. Vida nova, trabalho novo, casinha nova, cabelos castanhíssimos e curtíssimos, tem que ter blog novo também. Claro que eu não consegui.
Ainda.
Num dia incomum de paciência mudo tudo.
Fiquei meio fula por que é, como se lendo, eu estivesse sendo forçada a fazer, dizer, beijar coisas que eu não quero. Não sou eu. Eu não sou assim. Nunca fui. Credo. Vê se pára. Coloca ela pegando um trem e indo embora pra casa do caralho. Mata ela numa ponte, um piano em cima da cabeça. Mas mata ela que ela nunca existiu. Nem aí na sua cabeça. E aprenda também a se desapegar.
Ah, dei recado. Saco. Tudo bem. Se personagens são a melhor definição não tem problema. Mas foi bem menos que isso.
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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

As coisas ficaram como deviam ter sido.

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Uma coisa que ele disse é verdade. Não consigo mais escrever por que não tem do que reclamar. choramingar sobre o leite derramado, inventar vidas perfeitas, contar desastres.
Agora o que tem é justamente o que está aqui.
Eu tentando escrever e ele com seu livro no meu lado na cama. Reli as mil coisas obscuras que já escrevi sobre ele no antigo 3/4. Estranho eu ter adivinhado como seria. Ter uma toalha pra mim no banheiro. Ter minha pasta de dente em cima da pia. Ter meu lado certo na cama, a não ser pra escrever e o laptop alcançar. Ele reclamando por que eu tiro o elástico do lençol preso no colchão. As reclamações dele, os afaguinhos dele. Tudo isso eu já sabia.
E procurando meu antigo blog no google, por que eu não lembrava mais qual era a senha dele, descobri uma farsante com o nome do meu ex-blog. Sacanagem. Mas tudo bem, se você pensar que aquele blog nem valia a pena. Continua no ar por orgulho, passei horas da minha vida escrevendo asneiras nele. E asneiras as vezes são graça na internet. Minha besteira esquecida.
Agora já não danço tanto, gosto de casinha e comidinha na cama. Gosto de escrever e reler e a visão que tenho todo dia dele se arrumando com sono. Gosto dele estirado em mim fazendo peso. Gosto de tentar explicar as coisas pra ele. Gosto de mim do lado dele.
No final de tudo eu já sabia e os mundos se cruzaram. O que eu inventava e o que eu vivo agora.
Não tem mais o que inventar. Por aqui eu sigo. Vivendo. E muito bem acompanhada. Sempre em frente e de cabeça pra baixo. Do jeito que eu gosto.
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