terça-feira, 18 de agosto de 2009

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Estou partida em duas
Uma te odeia
Outra não te esquece
mesmo que queira
muito muito muito
E agora o que eu faço
quando eu pego na mão essas folhas
em que você dizia
demore o tempo que for
e a culpa foi minha
e etc etc etc
Me diz
logo
o que
eu
faço?
?

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A gente não duvidava.

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Ela disse que ia sair com a gente pra conferência por que precisava sair daquela bad que tinha entrado - ou sido jogada mesmo - e não conseguia sair sem sua há muito oculta auto estima. Aí ela olhou logo pro cara que todos nós estávamos tentando fazer um contato há anos e por sinal tantos anos que todos já havíamos desistido e até pego raiva dele por que ele era o escritor maior arrogante do Brasil.
Clarinha, se comporta, aquele cara ali é o dono da A., meu emprego depende dele, o seu emprego depende dele, e o emprego do Mário depende dele, então sossega aí nessa cadeira, não pesa. E ainda por cima, parece que o cara nunca aperta a mão de ninguém.
Foi o que nosso amigo Paulo disse pra ela, quando notou as más intenções da garota.
Então ela disse “aposta quanto que eu vou lá, converso com ele por dez minutos, e ao me despedir, ele me dá um beijo?”.
“a bebida mais cara do bar como ele não lhe dará nem um minuto para começar”.
Todas nós nos olhamos e concordamos que o Paulo estava ferrado.
Clarinha levantou, e de alguma maneira se enfiou na roda do dono da A., falou durante exatos dez minutos, e ao despedir-se, foi cumprimentada com um caloroso beijo do dono arrogante da A. e voltou encarando o Paulinho jogando os quadris de um lado para o outro.
Sentou com seu ar triunfal, elegeu a bebida mais cara, e disse: “Agora vamos brindar a mim”.
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Ela disse meu nome é Sarah e eu pensei que puta nome clichê, mas ela estava balançando o rabo de cavalo pra mim e me embebedando descaradamente e falando sobre musica, trabalho, e sobre gérberas e sobre as coisas que podiam acontecer do nada, eu a ouvi o tempo todo. Quando eu brincava com ela a boca dela se desenhava em sorrisos escandalosos. De repente faze-la rir era meu oficio, e eu não entendia se ela gostava de mim ou estava bêbada ou se estava me achando um idiota. Ela me dava beliscõeszinhos doloridos com suas unhas afiadas e eu estava cheio de arranhões.
Ela ficou ali com os outros copos de uísque, ela e o rabo de cavalo, e eu segui cantando “ New or Old City Blues“ tentando sair de dentro da garganta dela.
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Eu estou cansada de saber

 
Amor é isso: é respeitar e acreditar e querer que a pessoa fique feliz contando que ela não fique feliz te colocando pra baixo. É querer que o resto se foda. Mas ele não ficava até o fim e queria que eu ficasse até o fim, e eu não sei ficar até o fim sozinha. Ele achava que podia ficar até o fim só quando ele resolvesse. E enquanto ele não se decidia resolveu me colocar pra baixo pra matar o tempo. Inventou até um carinha pra me perseguir nos e-mails. Porra, cara. Isso é difícil de aguentar.


Veja que pra ser feliz, a gente pode ficar bêbado perdido num canto e rindo com alguém que a gente gosta. O resto é só o resto. Ou você acha que já me viu na merda? Não viu não. Eu quase fiquei na merda quando você foi embora. Mas te toquei fora, queria que você sumisse, me esquecesse e se fodesse mesmo, eu pensei vai se foder, vai se foder, porra. Não foi, pois no meio do caminho tinha uma bunda, tinha uma bunda no meio do caminho.

Coitada. Sei lá de onde ela vem, a bunda de outrora e áureos tempos. Se é que me entende.

Mas vamos às vacas frias: O que eu fico doida da minha vida foi você assinar com o nome que EU te dei pra escrever textinhos de caubói metido a besta e bom comedor e se vangloriar com fodas louras e cabeludas e será que você é mesmo tão apaixonado por si mesmo assim?

Dicas da mamã:

1) Crie um nome seu.

2) Mude seu layout. Ou pelo menos disfarce. Coloque a foto num lugar diferente, a frase num lugar diferente, no blogger é bem fácil mudar o lugar das coisas. Mas de preferência, escolha um layout de sua preferência e não de minha preferência para escrever seus textos de Alabama.

3) Você não é escritor pseudo beat. Pare de escrever isso. Não força.

4) Essa coisa de seguidores é brega pra caralho. Tenha vergonha alheia. Não aceite essa góticas analfabetas só por que elas fazem número.

5) Pare de meter o pau em mim que eu sou obrigada a vir aqui e responder por que eu não fico quieta.

6) Essas fotos enormes e esses vídeos pesados acabam com a paciência das mais potentes internets pagas e speeds, e muitas fotos não tem nada a ver com o contexto – e nem com as musicas.

7) Se quiser falar de como deve estar a minha vida, leia meu blogue direitinho ou fuce no meu facebook que facebooks e blogues são pra essas coisas, mas não me subestime e nem encrenque com as suas suposições: Meus amigos continuam crescendo e firmes e incríveis (meus amigos sim, eu sei escolher muito bem). Meu trabalho não atrapalha minha vida e nem minha felicidade e nem minhas intenções por que eu estou gostando do que eu faço demais. Meus flertes vão bem obrigada, mas sei que a vida não é feita apenas disso.

8) Leia Kerouac direitinho e não se beneficie. Preste atenção que assim você não precisa comprar o livro só pra ler o trecho (para entender o que mamã quer dizer):

Não a dor que me impele a escrever isto mesmo sem eu querer, a dor que não será apagada pelo ato de escrever e sim acentuada, mas que será redimida, e se ao menos fosse uma dor digna que pudesse ser colocada em outro lugar que não essa sarjeta negra de vergonha e perda e loucura barulhenta na noite e pobre suor na minha testa”.

O coração dela batendo na chuva de São Francisco, na cerca, enfrentando fatos finais, pronta para sair correndo agora e voltar e acocorar-se de novo onde ela estava onde tudo estava – consolando-se com a visão da verdade”.

E em casa eu andava de um lado para outro, não conseguia parar, tinha que andar, como se alguém estivesse prestes a morrer, como se eu estivesse sentindo o cheiro das flores da morte no ar, e fui para o pátio de manobras da estrada de ferro em South San Francisco e chorei”.
Na dúvida - qualquer dúvida - ou vontade de me xingar ou me bater ou me chamar de louca ou se quiser saber da minha vida, venha cá. Sou boa em lidar com desaforos testa a testa. Dores passam - o tempo serve pra isso.
Além do mais, você teve sorte - lembre disso. Se quiser ser um personagem, seja um personagem seu, e não um que eu criei - você acabou com ele - ele não era assim.
No mais, é isso.
Página virada. Mas eu ainda lembro.
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terça-feira, 4 de agosto de 2009

Uma carta para Mariana

- Escreve uma coisa pra mim.
Pensei mas caralho, se eu escrever alguma coisa pra essa mina ela não vai entender nada, quem me entende já não entende o que eu escrevo, quem dirá, quem dirá... Pior é se ela entender, aí vou querer casar com ela só por que ela entendeu, aí é foda. Mas isso tudo no caso de saber o que escrever - quero dizer, ter inspiração pra escrever sobre a Mariana. Por que às vezes eu acho que a mina tem que me deixar muito maluco ou muito puto pra eu me dar ao trabalho de escrever sobre (nunca para)  ela. E eu acho que eu sinto por ela uma coisa meio mole, não é nada assim muito poético. E ela é uma mina bacana, merece que um dia alguém escreva um belo livro inteiro pra ela, mas um cara assim mais diferente de mim, eu acho. Mariana/ meu amor por ti / é uma pagina em branco. Vou te escrever um haikai. E se eu achar que ficou bom, eu te escrevo um poema, um poema inteiro, Mariana! Olha que bacana. Bacana, Mariana, bacana, bacana, cabana. Vai que ela gosta de rima. Ou vou copiar uma letra de musica de alguém assim que ela nunca vai ouvir na vida, super lado b, e ela nunca vai saber que não fui eu que escrevi e vai ficar feliz até morrer. Vai me dar um beijo com os olhinhos cheios de lágrimas e dizer que eu sou o poeta dela. Aí vai dar pra mim e a gente vai dormir. De manhã eu acordo, e recito a musica pra ela. Ela vai bater palminhas que nem criança e sorrir que nem um anjo. Eu vou achar graça e vou leva-la pra comer na padoca. Tem coisa melhor, Mariana? Dormir enroscado e tomar uma coca de manhã da padaria? Coca, padoca, paçoca. Esse negócio de rima eu acho que ela não vai gostar não. Pode ser que eu mande um inglês ou um francês - ai, que língua você merece, Mariana? Vou inventar uma língua nova e vou escrever um poema pra você nela, aí você vai ficar feliz em dobro por que eu vou ter inventado uma língua nova só pra te dizer alguma coisa. Mariana, Mariana, que maldita hora inventaste de me pedir um poema. Tão mais fácil seria colher uma flor. Uma flor que combine contigo, tem um monte. Agora poema, não tem. Mariana, desculpe, mas se esse meu esforço não valer, eu desisto.  
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Enquanto fingia dormir
Escutei seus dedos
Entrelaçando seus cabelos
Seu suspiro de cansaço
E o seu virar
Para o outro lado.
Jogando bosta no ventilador
ou
Apertando o foda-se (and be happy)

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Tarde, bilhar. Noite, Estúdio Sp. Madrugada, Tropicália no Saraievo. Manhã, Beleza Americana no Habib’s. Suco de maracujá, cerveja, caipirinha e adicionais.
Precisei tomar nota do telefone dele. Acho que eu decorei. Não decorei tudo, mas os quatro primeiros eu decorei. Tentei ligar e não deu certo por que não era Claro.

Queria dizer.
Vai cuidar de você.
Vai cuidar dela.
Eu não preciso ser cuidada.

Mas o que mais me irritou, foi ela me dizendo que tinha a solução pros meus problemas. Ela disse você é uma menina tão bonita, gosta de poesia. Você escreve umas coisas.
Pronto.

Tantas vezes por dia eu fico querendo dizer
EU NÃO LIGO PRA CINEMA.
Eu não sei nome de ator nenhum que ganhou o Oscar
por que eu não acho importante saber.
Por favor.
Me deixa em paz.

Então ele disse que gosta de meninas simples.
Basicamente, disse que não gostava de mim. Ela perguntou por que queria que eu escutasse. Sabe lá o que ela achou que ele ia responder. Eu acho que não foi por mal. Ela só acha que eu devia botar a cara e gostar de cinema, de repente. Eu fiquei brava por que eu ando brava com tudo mesmo. Não foi com ela. Eu gosto dela.

Ele não gosta de meninas complicadas. Ele gosta de gente simples, humilde. Bonito. Eu acho.

Tocou aquela música dos Raimundos.
Mas o tempo passou, eu agora sou mais velha e o Rodolfo virou crente, então.

Ah. Olha aí, eu sei o nome do vocalista dos Raimundos. Não tem que saber os nomes dos artistas? Viu? Eu não ligo pra cinema mas eu sei de “rock farofa brasileiro contemporâneo”. Como diria o Pier, super prafrentex.

Mas eu tava falando do tipo de mina que ele gosta. Desculpem a mania de me perder.
Ele disse que gosta de menina
que não fala que vai mijar,
que nem eu falo.
Ele acha que a menina tem que falar
que vai fazer xixi.
Que nem ela fala. Óquêi.
Ah, ela não fala xixi. Ela fala “CICI”. Bonito.

Ela é uma moça muito educada.
Ela tem essa fofura rosada nas bochechas.
Ela é um partidão.

Mas cá entre nós:
Quem fala “mijar” põe o dedo aqui.

 
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Quando a noite tem cara de bebida barata de boteco

 
Sei lá o que ele ficava reclamando que era foda, mas eu não queria saber. Foda, é não tomar o copo até a última gota, e foda é não ficar bêbado. Foda é ser castrado, humilhado, foda é botarem tua lealdade em dúvida. Foda, meu caro, é não foder com a pessoa que você ama, foda é não ter um real pra comprar cigarro do Paraguai. Foda é ninguém te escutar quando você tá falando, foda é ver TV sozinho e falar sozinho na cozinha. Foda é você querer dar um abraço em alguém que tá ali na tua frente e ver que não consegue. Foda é ter que desistir das coisas.
É mesmo muito foda não ser a pessoa certa.
Você não sabe porra nenhuma de nada, cara. Você não sabe porra nenhuma de mim. Eu acho que você devia parar de bancar o Dom Juan barato da casa do caralho.
Pouca coisa me toca nessa vida. Palavras geralmente não estão na lista. Passar bem. Ah, e antes que comece a história derrotada, eu não odeio você. Eu gosto de você. Gosto tanto que estou te mandando a puta que te pariu.

Sem ressentimentos.
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