terça-feira, 4 de agosto de 2009

Uma carta para Mariana

- Escreve uma coisa pra mim.
Pensei mas caralho, se eu escrever alguma coisa pra essa mina ela não vai entender nada, quem me entende já não entende o que eu escrevo, quem dirá, quem dirá... Pior é se ela entender, aí vou querer casar com ela só por que ela entendeu, aí é foda. Mas isso tudo no caso de saber o que escrever - quero dizer, ter inspiração pra escrever sobre a Mariana. Por que às vezes eu acho que a mina tem que me deixar muito maluco ou muito puto pra eu me dar ao trabalho de escrever sobre (nunca para)  ela. E eu acho que eu sinto por ela uma coisa meio mole, não é nada assim muito poético. E ela é uma mina bacana, merece que um dia alguém escreva um belo livro inteiro pra ela, mas um cara assim mais diferente de mim, eu acho. Mariana/ meu amor por ti / é uma pagina em branco. Vou te escrever um haikai. E se eu achar que ficou bom, eu te escrevo um poema, um poema inteiro, Mariana! Olha que bacana. Bacana, Mariana, bacana, bacana, cabana. Vai que ela gosta de rima. Ou vou copiar uma letra de musica de alguém assim que ela nunca vai ouvir na vida, super lado b, e ela nunca vai saber que não fui eu que escrevi e vai ficar feliz até morrer. Vai me dar um beijo com os olhinhos cheios de lágrimas e dizer que eu sou o poeta dela. Aí vai dar pra mim e a gente vai dormir. De manhã eu acordo, e recito a musica pra ela. Ela vai bater palminhas que nem criança e sorrir que nem um anjo. Eu vou achar graça e vou leva-la pra comer na padoca. Tem coisa melhor, Mariana? Dormir enroscado e tomar uma coca de manhã da padaria? Coca, padoca, paçoca. Esse negócio de rima eu acho que ela não vai gostar não. Pode ser que eu mande um inglês ou um francês - ai, que língua você merece, Mariana? Vou inventar uma língua nova e vou escrever um poema pra você nela, aí você vai ficar feliz em dobro por que eu vou ter inventado uma língua nova só pra te dizer alguma coisa. Mariana, Mariana, que maldita hora inventaste de me pedir um poema. Tão mais fácil seria colher uma flor. Uma flor que combine contigo, tem um monte. Agora poema, não tem. Mariana, desculpe, mas se esse meu esforço não valer, eu desisto.  
.