Preciso parar com isso. Escritores malditos filando meu cigarro, teatrinhos com cerveja e cama abandonada 72 horas seguidas por insistência da proprietária que acha que é de ferro mas está começando a ficar velha. Viajei numas de levar ela comigo mas ela me traiu e fez merda o tempo inteiro: saí para não mata-la. Então ela se levantou chorando e chorando ela foi embora. Dormi na cama dele de novo, mas no canto, e por duas noites seguidas eu juro que não abri os olhos nem uma vez sequer pra ver ele dormindo ou ajeitar o cobertor. E eu olhava a boca e olhava tão pertinho e pensava puta merda, olha os botões da camisa dele aqui na minha mão e ele olhando pra minha mão nos botões dele e depois pra mim, e pra minha mão já no botão de baixo e de novo pra mim e disse umas coisas que eu escutava e pensava não cai não cai não cai, pelo amor de deus não cai na conversa dele, por que tava na cara que era mentira e nada é perfeito e ainda tinha outra coisa: o quanto eu podia ser má e fria e jogadora (sim, vocês já leram isso) mas dessa vez diferente:
Eu não quero mais nada disso. Preciso parar com a bebida.
Eu não quero mais nada disso. Preciso parar com a bebida.