domingo, 19 de dezembro de 2010

Uma música trágica para começar um dia trágico

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Não importa o quanto eu tenha dormido. Fiquei acordada até tarde pensando merda e acordei agora, pensando merda. Com a cara inchada sem saber de onde me acertaram. Pior que não ter tempo é ter tempo e não sentir vontade de fazer alguma coisa com ele. Coloco atos nos pequenos minutos, troco cobertas, tiro a poeira, escrevo porcarias e ouço musica ruim, penso em caminhar no parque. Olho pros ponteiros rodando devagar. Amanhã está há um milhão de anos de mim. Assim como ele que pegou minha mão e disse apenas para que eu não me preocupasse, com uma simplicidade que só ele tem. Pois estou aqui, preocupada. Tomando café gelado. Olhando pro relógio e pra tela, alternadamente. Desliguei o celular. Quero mesmo ficar sozinha. Não sei ficar muito tempo com os outros. E eu te digo com toda certeza do mundo que ter que ir dormir é a pior parte. Ninguém nunca te disse? Quando não há mais nada a fazer pra salvar o tempo em que você ficou estragando sua vida, bancando o idiota. Talvez não poder voltar no tempo seja a pior parte. Será que é isso que está me incomodando? Estar livre demais, solta demais, muito de mim em todo lugar, nesse café frio, nessa tela cheia de letras um pouco contidas, nesse rádio que não fecha a tampa do cd direito? Na vitrola desligada da tomada? Na coberta desarrumada, no tênis rasgado no canto da parede? Ou eu estou aí contigo? Longe, jogada, pesada, sem saber se fui vista ou recusada, sem saber quando estou programada pra voltar?
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